quarta-feira, 8 de novembro de 2023

A Porta de Fernão Lourenço é a serventia da Vila

Quem não gosta da Golegã tem bom remédio: não venha. E também escusa de apregoar orgulhosamente que não gosta, ninguém quer saber.

E para os que ousam pôr cá os pés mesmo gritando aos quatro ventos o quanto odeiam isto, saibam que, tal como a porta da rua é a serventia da casa, a Porta de Fernão Lourenço é a serventia da Vila.

sábado, 28 de outubro de 2023

Limpezas de Primono

Podia ser o nome de uma empresa. Se Primono fosse o nome de alguém e se esse alguém fosse dono de uma empresa de limpezas. Não é.

Primono não é mais que a aglutinação das estações do ano Primavera e Outono. Podia ter saído Outera, ou outra maravilha semelhante, mas não calhou.

E porquê tudo isto? Qual a relação entre as estações do ano?

Bem, na verdade, Primavera e Outono estão ambas praticamente extintas. Qualquer dia só há Verão e Inverno, que alternam diariamente para nos moer o juízo e trocar as voltas às mudas de roupa. (E para se fazem avisos amarelos e laranja por tudo e por nada, não vá vir um ventinho mais atrevido e mandar pelos ares qualquer coisa. Isto hoje em dia tem que ser tudo com paninhos quentes)

Primavera e Outono, em teoria e nem podia ser se outra forma dado o que descrevi anteriormente, intercalam ambos o Verão e o Inverno. Um antes e um depois, conforme vejam estas coisas nas vossas cabeças, que isto cada um vê a imagem que o seu cérebro cria.

Na Primavera, quando a há, brotam flores, os animais andam todos contentes e as pessoas, felizes com os primeiros raios de sol, começam a olhar para os cortinados, os tapetes, as mantas e a pensar: "devia dar uma geral nisto, aproveitar que já não chove e que ainda não faz muito calor". A isto chama-se: limpezas de Primavera.

Aqui na Capital do Cavalo há um fenómeno semelhante, mas no Outono. Vem aí a feira, há coisas para lavar, arranjar e pintar. Fica tudo de cara lavada nesta altura. É uma espécie de limpezas de Primavera no Outono ou limpezas de Primono.

Pintam-se frontarias, arranjam-se telhados, arejam-se cobertores, tudo para que as coisas tenham melhor aspecto na feira. Acho bem que se zele pelas coisas, mas não percebo que seja só para a feira. É para os outros verem, bem sei, que os de cá não merecem melhor.

A feira tem um efeito mágico nas cabeças das pessoas, é melhor que a passagem de ano. Aqui os anos vão de Dezembro a Novembro e contam-se em 'S. Martinhos'.

Na feira até a conta da luz pouco importa, tudo e que é candeeiro virado para a rua está aceso a noite toda. Dá ambiente e fica bonito para os outros verem. E gasta, mas nesta altura pouco importa.

Voltando às limpezas, é giro de ver a azáfama. Não entendo esta peculiaridade do ser humano que, aquando da possibilidade de estar exposto, corre a arranjar tudo. É como aquele lavar de dentes minucioso antes de ir ao dentista "Não vá o doutor mandar a boca de que lavo mal os dentes".

Seja cal (que ainda a há!), seja tinta, as frontarias são pintadas e os telhados lavados. Arruma-se tudo o que os outros possam achar mal arrumado. Limpa-se tudo o que os outros possam achar sujo.

É tudo passado a pente fino, afinal, passou um ano desde a última vez. É chato estar de chuva mas a gente cá se arranja. O que importa é que isto fique mais ou menos e que para a semana não chova.

E depois de tudo limpo, pintado e arrumado, Deus queira é que para a semana faça frio que tenho o capote ali à espera. Ou não.

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Logo hoje!

Ai, logo hoje, logo hoje!

Faltam 2 semanas para o S. Martinho, o tempo tem estado tão bom, tinha logo que chover assim hoje...!

Logo hoje que era para rebocar a parede da cavalariça. Era a parede antiga da arrecadação mas agora fizemos cavalariça e aquilo tem que ser arranjado. Guardámos as coisas na garagem, o carro fica na rua e assim sempre ganhamos mais qualquer coisa.

Também vamos alugar o quarto do puto, as coisas dele vão para a garagem, se ainda lá couberem, e ele dorme aqui num colchão no chão. Sempre ganhamos mais qualquer coisa.

Ai mas se isto pega estamos feitos, ainda chega novembro e isto por acabar.

Raios partam, não temos sorte nenhuma...! Isto já está alugado com cavalariça, temos que a acabar.

Senão olha, fica assim, paciência...

Os cavalos também não se devem importar muito.

E também não fazemos desconto nenhum, assim como assim, já não há por aí nada livre, vão ter mesmo que aqui ficar.

Isto está mas é bom assim. Para o ano logo se arranja, se eu ainda cá estiver.