Podia ser o nome de uma empresa. Se Primono fosse o nome de alguém e se esse alguém fosse dono de uma empresa de limpezas. Não é.
Primono não é mais que a aglutinação das estações do ano Primavera e Outono. Podia ter saído Outera, ou outra maravilha semelhante, mas não calhou.
E porquê tudo isto? Qual a relação entre as estações do ano?
Bem, na verdade, Primavera e Outono estão ambas praticamente extintas. Qualquer dia só há Verão e Inverno, que alternam diariamente para nos moer o juízo e trocar as voltas às mudas de roupa. (E para se fazem avisos amarelos e laranja por tudo e por nada, não vá vir um ventinho mais atrevido e mandar pelos ares qualquer coisa. Isto hoje em dia tem que ser tudo com paninhos quentes)
Primavera e Outono, em teoria e nem podia ser se outra forma dado o que descrevi anteriormente, intercalam ambos o Verão e o Inverno. Um antes e um depois, conforme vejam estas coisas nas vossas cabeças, que isto cada um vê a imagem que o seu cérebro cria.
Na Primavera, quando a há, brotam flores, os animais andam todos contentes e as pessoas, felizes com os primeiros raios de sol, começam a olhar para os cortinados, os tapetes, as mantas e a pensar: "devia dar uma geral nisto, aproveitar que já não chove e que ainda não faz muito calor". A isto chama-se: limpezas de Primavera.
Aqui na Capital do Cavalo há um fenómeno semelhante, mas no Outono. Vem aí a feira, há coisas para lavar, arranjar e pintar. Fica tudo de cara lavada nesta altura. É uma espécie de limpezas de Primavera no Outono ou limpezas de Primono.
Pintam-se frontarias, arranjam-se telhados, arejam-se cobertores, tudo para que as coisas tenham melhor aspecto na feira. Acho bem que se zele pelas coisas, mas não percebo que seja só para a feira. É para os outros verem, bem sei, que os de cá não merecem melhor.
A feira tem um efeito mágico nas cabeças das pessoas, é melhor que a passagem de ano. Aqui os anos vão de Dezembro a Novembro e contam-se em 'S. Martinhos'.
Na feira até a conta da luz pouco importa, tudo e que é candeeiro virado para a rua está aceso a noite toda. Dá ambiente e fica bonito para os outros verem. E gasta, mas nesta altura pouco importa.
Voltando às limpezas, é giro de ver a azáfama. Não entendo esta peculiaridade do ser humano que, aquando da possibilidade de estar exposto, corre a arranjar tudo. É como aquele lavar de dentes minucioso antes de ir ao dentista "Não vá o doutor mandar a boca de que lavo mal os dentes".
Seja cal (que ainda a há!), seja tinta, as frontarias são pintadas e os telhados lavados. Arruma-se tudo o que os outros possam achar mal arrumado. Limpa-se tudo o que os outros possam achar sujo.
É tudo passado a pente fino, afinal, passou um ano desde a última vez. É chato estar de chuva mas a gente cá se arranja. O que importa é que isto fique mais ou menos e que para a semana não chova.
E depois de tudo limpo, pintado e arrumado, Deus queira é que para a semana faça frio que tenho o capote ali à espera. Ou não.
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