quarta-feira, 7 de novembro de 2018

FNC Golegã'18 - Putas e vinho verde!!

Sou completamente contra proibições injustificadas. Proibições e regras da treta só "porque sim"; só porque alguém acordou de manhã e achou que devia ser de certa maneira. Sou contra. Acho mal. E reclamo. Mas sou mais do que a favor de regras bem fundamentadas, que limitem ou proíbam certas e determinadas ações.

Anda meio mundo a reclamar das novas regras da FNC 2018... "Onde é que já se viu, cavalos fora às 2h...!" Pergunto eu, na minha ignorância: já foram a Sevilha?

É bom que se imponham limites, pelo bem estar animal e humano!

Tenho 32 anos de Golegã e o degredo dos "agrobetos" (como alguém lhes chamou um dia) tem vindo a aumentar bastante nos últimos anos...
As bebedeiras mal medidas, cavalos exaustos, a estupidez humana montada num puro sangue lusitano fartinho daquilo até aos olhos... É só estúpido. Não é fixe.

As pessoas não sabem medir os limites. Se toda a gente tivesse bom senso não eram precisas leis. Mas como as pessoas abusam e não sabem respeitar o próximo, é preciso controlar a situação impondo limites. Há que ter noção das coisas.

(E não, não sou daquelas que acha que a feira devia acabar porque em 10 dias num ano se faz muito barulho, lixo e se corta o trânsito... E já agora, se agita a economia do Concelho e até a dos vizinhos)

A Golegã não é feita de 'Despacitos' e outros batuques semelhantes, ao contrário do que muita gente pensa. A FNC (a FSM e a FICL, sim, são 3 feiras numa só) é feita de tradição, de belos trajes, cavalos bem aparelhados, casetas, fado, paso-dobles e água-pé.

Puta que pariu a ginginja em copo de chocolate e outras merdas acabadas em -inha!!

Os cavalos também não importam muito: "Não vou lá para ver cavalos. Vou apanhar uma de segunda a domingo que até estala!". Uau.

É vê-los chegar de trolley e sacos cama, com ar de quem vem fazer tudo menos ir à feira. Ir para os bares não é ir à feira só porque lá entra um cavalo. Aquele ar de quem tem o rei na barriga e manda naquilo tudo... (não se esqueçam que a coroa um dia tem que sair por algum lado...).

E para os "agrobetos" (adoro a expressão!) com cavalos deve ser muito fixe, realmente, andar montado num cavalo a passar no meio da multidão como se nada fosse. Até porque, todos sabem, os outros que se desviem. E dá um poder e uma coragem danados, tipo mandar indiretas no facebook... Jesus Christ!... Em cima de um cavalo a moral sobe, mais o ego e a estupidez gratuita. Em cima de um cavalo pode-se tudo. Estes 10 dias de feira é só valentes de esporas nas botas.

Não são só os "agrobetos" cavaleiros que não respeitam o espaço dos outros; quem anda a pé também gosta bastante de andar na manga onde deviam andar os cavalos e depois há a molhada que se sabe. Quando essa molhada já leva com não sei quantas -inhas em cima, está o caldo entornado.

A Golegã também virou passagem de modelos e não, os modelos não vestem o traje tradicional ou um capote alentejano. Vestem a roupa da moda, calcinha justa da namorada que mal conseguem andar e depois compõem com um chapéu de aba larga para dar aquele tweak tradicional ao look.

Também agora é moda passear o 'lulu' no meio daquela confusão de pessoas e cavalos. Do mais minorca ao 'adamastor' toda a minha gente passeia um...

As pessoas mudam, os tempos mudam e as vontades também. Eu sei isso tudo. E temos que nos ir adaptando à nova realidade, é certo. Mas não me venham dizer que é tradição entrar a cavalo nos bares porque antigamente, meus amigos, não haviam estes bares!! Nem a festa XPTO. Nem 'Despacitos'. Para essas atividades pode-se ir a qualquer bar ou discoteca, não é preciso vir à feira.

As tradições não se fazem numa duzia de anos, não numa feira secular como esta.

A malta agora quer é "putas e vinho verde"...! A Golegã é bem mais do que isso.

Também conheço quem lá tenha ido uma vez e tenha ficado horrorizado porque... "Pisei bosta e foi agarrada à sola dos sapatos até Lisboa!!" - amigos, faz parte da experiência (e dêem graças a Deus por não ter chovido!). Faz tão parte da experiência como fazia uma dúzia de castanhas em folha de jornal que a ASAE proibiu... Libertem a mente, há cavalos na rua logo há bosta no chão. Simples. Antes pisar bosta que vomitado de uma -inha qualquer.

Aprendam, aproveitem e, por amor da santa, não estraguem! Os bichos, os vossos fígados e a paciência dos demais também precisam de descansar, bolas!...

Ah, e deixem-se de manifs parvas que o Arneiro não é a Assembleia da República!...

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