sábado, 22 de outubro de 2022

"Onde é que está a camioneta?"

5€ por cada vez que ouvi isto.

Estas casas aqui é só de gente rica, com cavalos, que têm isto aqui só para a feira.

(Já esteve mais longe da verdade!!)

Olhe, desculpe, sabe para que lado é o campo da bola? Temos que estar às 16h na camioneta e andamos aqui perdidos.

Mulher, eu disse-te para deixares estar as castanhas, mas és teimosa... Agora estou para ver se não chegamos a horas.

Saímos ao pé de uma rotunda que tinha um cavalo no meio... É muito longe daqui?

Também há quem não encontre o carro... porque isto de noite parece que fica diferente.

A gente deixou o carro à borda da estrada principal e depois seguimos uma rua que foi dar à feira.

Seguimos uma rua o quê?! O carro ficou ao pé de um restaurante e depois virámos à esquerda por uma rua estreitinha, mas essa não deu logo para a feira, ainda andámos mais um bocado por outras ruas com barracas.

Como se chama o restaurante?

Não reparei, tinha uma entrada com um portão, via-se as pessoas lá dentro... mas o nome mesmo não sei.

Ah... Pois... Assim vai ser difícil. Ora vamos lá então começar a descrever todos os restaurantes e cinco minutos depois percebemos que estavam a falar da garagem de alguém...

Acho que o segredo para vir à feira e não se perder é vir naquelas excursões que trazem uma banda e vão em arruada o tempo todo. Nunca dei por esses se perderem.

E os que vêm pôr cegos, coxos e afins a pedir na rua, também sabem sempre o caminho. Mas a esses o cheiro do € encaminha.

Tal como encaminha os que andam a vender banha da cobra; a pedir dinheiro para "cenas" em que, antes de abrirem a boca, e antes que nós próprios consigamos dizer algo, já nos puseram um autocolante ao peito (que é retirado com a mesma velocidade quando percebem que dali não levam nada).

Os que vêm para a feira das vaidades também não se perdem, ou melhor, perdem mas não dão o braço a torcer. Andam pelas ruas em passo acelerado, montados na sua imperial e no seu 'chapéu de vir à feira' ou em modo viajante a puxar um trolley pelos paralelos da estrada ensopados em bosta. Sempre com o queixo levantado e com aquele ar de 'dono disto tudo', são os únicos que recorrem ao telemovel para se encontrarem.

Ainda bem que "agora" há telemóveis com internet ou, talvez, não faça diferença alguma. E ainda bem que não, porque isto faz tudo parte da experiência. Isto e pisar bosta, não se iludam. Seja com a mala da roupa ou com as botas, vai acontecer.


Venham à feira, não se armem em divas e divirtam-se com juizinho. E, se se perderem, baixem os cornos desse ego de 'agrobeto de fim de semana' e peçam ajuda a alguém. Não há goleganense nenhum que não vos ajude a encontrar o caminho, mas têm que pôr o ego de parte, senão vão parar à Cardiga.

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