Realizou-se ontem, em Évora, o teste a 3 modelos diferentes de ferragem comprida, teste realizado pelos cavaleiros Joaquim Bastinhas e António Telles e pelos forcados Amadores de Santarém. Estiveram presentes representantes da A.N.G.F., a I.G.A.C. e do S.N.T.P. bem como os seus associados.
Os 3 tipos de ferros foram inventados pelos emboladores José Paulo, António Carlos Estorninho e Carlos Simões, aqui referenciados por ordem de antiguidade do seu registo na I.G.A.C., tal e qual como foi feita ontem a sua apresentação.
Deste 1º teste, pois deverão realizar-se mais e com outros intervenientes, não saiu nenhuma conclusão final, apenas que é urgente, sem dúvida, adoptar um modelo de ferros que garanta a segurança dos forcados. Foi, aliás, distribuído um pequeno questionário aos representantes dos grupos de forcados presentes para perceber a necessidade de se tomarem medidas acerca da sua segurança.
Para os ferros curtos existe a solução espanhola que peca por ter uma mola que, se se partir, se torna num perigo para os forcados.
Quanto à ferragem comprida, os ferros inventados pelo embolador José Paulo mantém a quebra actual, a única diferença é partirem junto ao bico e não a 35cm, continuando a ser de madeira e esta a necessitar ser partida para efectuar a separação; o tamanho da quebra é diminuído o que à vista se torna pouco apelativo, uma vez que no toiro fica um pedaço muito pequeno, quase imperceptível das bancadas, não fosse o papel colorido; com este modelo continua a existir o perigo das lascas que ficam ao se quebrar a madeira. Os Ferros Compridos de Segurança, inventados pelo embolador António Carlos Estorninho (registados do I.N.P.I. com o n.º 10098 e já de conhecimento geral de há 3 anos para cá) facilitam a cravagem do ferro, uma vez que deixa de ser necessário quebrar a madeira para efectuar a separação das partes, garantida pela quebra automática. A quebra que fica no toiro passa de 35cm em madeira para 4cm em nylon guarnecido a papel, mantendo o aspecto convencional, com a vantagem de se amachucar com qualquer impacto. Foi testado um protótipo em metal da quebra automática, que será posteriormente em plástico, reduzindo o peso do ferro. Por último, os ferros inventados pelo embolador Carlos Simões também não necessitam de quebrar a madeira para a separação das partes, no entanto, deixam no toiro cerca de 6cm em madeira revestidos a manga plástica com cerca do dobro do comprimento e guarnecida a papel, tentando assim manter um aspecto próximo do actual; a separação é feita desencaixando a parte que fica na mão do cavaleiro da manga plástica referida anteriormente.
Críticas construtivas...
Como é normal numa primeira iniciativa, houve falhas na sua organização:
- A falta de um microfone fez com que quem estivesse no lado oposto ao local onde alguém falava não percebesse o que era dito;
- O facto de se ter referido o nome de quem inventou que ferro antes de estes serem testados, fez com que, a partir daí, estivesse em causa quem fez e não o que foi feito. Num próximo teste dever-se-ia ter isto em atenção, criando um código a seguir pelos emboladores de forma a que à vista os ferros fossem iguais e só depois do teste feito e das opiniões dadas se revelasse quem inventou que ferro;
- É importante ouvir a opinião dos cavaleiros, mas também a dos forcados, afinal de contas o que está em causa é a sua segurança;
- Seria interessante promover uma apresentação dos diferentes modelos, em que os seus inventores explicassem o funcionamento do invento em causa e as suas motivações. Interessante seria também reunir numa mesma mesa os inventores, representantes das entidades competentes, cavaleiros e forcados para se discutir o assunto, ouvir todas as partes, as suas opiniões e 'porquês' pois, só ouvindo todas as pessoas que, de forma diferente, lidam com dos ferros, se pode perceber quais as suas reais necessidades e se poderá chegar a um consenso.
O balanço deste teste foi, sem dúvida, positivo! Ficando-se agora a aguardar que seja agendado o próximo.